sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"Como você mudou."

Você me dirá palavras "sábias" sobre como eu mudei e sou um tolo agora, pois é, você me dirá palavras do tipo:
"Como você mudou. Você não era assim, Lucas. Se lembra de quando você ia atrás de seus sonhos? Nossa, você era demais, eu te admirava tanto, você era alguém que tantos queriam ser, você era tão inteligente (ou melhor, ainda é), era tão simpático e bem-humorado e nos esportes não ficava muito atrás. Você já tinha esse espírito artístico, me lembro quando você me mostrou seu primeiro poema, o qual tinha logo eu como musa, imagino quem será sua musa hoje em dia… me lembro também de quando mentiu pra mim, fingindo que um poema de alguém famoso (não me lembro quem era o autor) era seu, e eu logo descobri sua farsa.
Você era tão sorridente, você me fazia sorrir, nossa, como você me cativava, bem, você cativava a todos. Você tinha um gosto musical excelente, me lembro das tardes que passamos um com o outro, ouvindo aquelas músicas que só nós pensávamos que gostávamos, éramos tão 'especiais', não é, Lucas? Éramos tão 'superiores', ah bons tempos aqueles…
Mas hoje você é diferente, ah, como você mudou. Você não segue mais seus sonhos, você não é mais tão admirado, só sua inteligência, que só serve para fazê-lo arrogante, achando que é o maior sábio do mundo, continua. Não há mais simpatia em você, virou um casmurro. Seus poemas são claramente vazios.
Você não sorri mais, você entristece aqueles em sua volta. Parte das músicas que ouve se tornaram ordinárias, mas também, você se tornou ordinário.
Como você mudou, Lucas, como você mudou."
E eu, bem, eu diria:
"É, eu mudei, mudei tentando te agradar. O único sonho que eu ainda tenho, é te ter. Se não sou mais simpático, é porque eu tentei me adaptar a você e deixei tudo o que eu realmente era pra trás. Ah é, você se perguntou sobre quem seria minha musa de hoje em dia, bom… ela é você, ou melhor, ela é o que você costumava ser, eu me inspiro naquela garota por quem me apaixonei anos atrás.
E pois é, não sorrio mais, mas há um motivo pra isso, você se foi embora, você não está mais ao meu lado. E, por fim, as músicas. Elas não são ordinárias, a não ser que você se considere ordinária, porque todas elas me lembram de você, todas elas se relacionam conosco.
Como você mudou, querida, como você mudou."
Isso é o que eu diria, mas não terei a chance de dizer-lhe isso. Então deixemos tudo calado.

"Como você mudou."

-Como você mudou.
-Como eu mudei? É claro que eu mudei. Se não mudasse, nunca estaríamos aqui. Nunca teríamos nada, nem essa conversa. É claro que eu mudei, mudei p'ra ser alguém bom p'ra ti, p'ra você gostar de mim, se interessar, p'ra podermos ser amigos e, quem sabe, algo mais. E quer saber a verdade? Deu certo, aproximamo-nos muito, viramos amigos e, não sei, algo mais. E menos! Mas daí, eu mudei, de novo. Eu ficava tão feliz contigo, tão bem, eu acho que passei a precisar de você. E quando estavamos juntos, eu não conseguia conter os meus sentimentos... nem os bons... nem os ruins. Ciúmes, o medo de te perder, a tristeza de te ver partir. Isso fazia mal a mim, a nós! E eu precisei mudar, precisei esconder o que eu sentia, precisei "pegar leve", eu não sei "pegar leve". E, agora, mudei de novo... afastamo-nos, você pediu um tempo, precisava do seu espaço. Eu disse "eu entendo, é melhor assim", não! Não é melhor assim. Nunca poderia ser melhor eu sem você! Então, sem você, eu mudei, minha alegria parece que gostava tanto de ti que, quando você me deixou, foi junto. Meu sorriso combinava tanto com o seu riso, que sua ausência parecia recriminá-lo de estar presente. Eu mudei, fiquei deprimido, triste, destruído. Você me estragou! Me estragou! E agora vem dizer "como você mudou", é claro que eu mudei! Se eu não mudasse, as coisas não mudariam sozinhas, eu me arrisquei e acabei perdendo.
-Suas lágrimas... são a prova de que você não mudou, desculpe-me, fui eu, não fui?
-Minhas lágrimas são a prova. Não a prova de que eu ou você mudou. Mas a prova de que não mudamos quem somos, e sim como somos.