terça-feira, 16 de novembro de 2010

No funeral.

A chuva cai do céu.
E dos olhos dos meus amigos.

O frio está no vento.
E no meu peito já sem vida.

A oração não consola.
O silêncio ensurdece.

Se eu pudesse dizer uma última coisa.
Vejo agora que não seria:
"Não chorem, eu quero que sorriam."
Pois, a realidade, a morte, é diferente.
"Chorem, mas não por me perderem,
chorem porque eu os perdi.
E estou sozinho aqui,
para sempre.
Sem vocês.
Sem deuses.
Sem paz."

No funeral

Então, eu abri meus olhos
Meu corpo estava frio
Todos choravam
Todos estavam de luto
Eu ouvia uma marcha fúnebre
Mas não, eu não havia morrido.

Eu toquei teu corpo
Estava fria, com pele marfínea
Segurei triste tua mão de neve
E chorei ao ver teu rosto tão fraco
Rico em ossatura, pobre em vida.
Mas não, tu não havias morrido.

Perguntei-me então de quem era aquele funeral
Por quem tanta gente choraria?
Resolvi olhar em volta
E foi aí que reparei em uma ausência
Eu estava ali, você também, mas faltava alguém
E sim, o amor havia morrido.