sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Fuga.

Os passos espalhavam água por toda a rua encharcada. O cheiro era de verão, com gosto de chuva rápida. O sol caía do céu lentamente, em câmera lenta, repleto de dramas. Os passos eram nervosos, confusos, indecisos. Ela sofria e, por isso, corria; fugia; abandonava.

Tudo parece calmo, sem surpresas, sem novidades. Era morno, habitualmente morno. Todos tinham aquele sorriso sem graça, de quem já não sonha mais. "Estamos arrasados? Não temos motivos para sermos felizes? Desistimos?" Pensara antes de correr.

Correu, correu, ninguém percebeu. "Não sou como eles. Sou melhor que isso. Melhor que eles. Eu serei feliz, sozinha!"

Era sua fuga. Só sua. Mas o que era esse gosto de vazio? Essa sensação de derrota? A pior colocação no primeiro lugar do pódio.

Ela corria e deu de cara com um beco sem saída. Deu meia volta. Quanto mais andava, maior ficava o buraco em seu peito. Um passo a mais, uma pá a menos. Não aguentou mais, cedeu. Ofegava, seu coração apertado e gelado.

Percebeu afinal, tentava fugir da dôr e da tristeza. Mas a causadora perseguira-lhe até lá.

Sua fuga foi completamente em vão. É impossível fugir de si mesmo para ser feliz. Somente enfrentar-se.

No beco sem saída, ela seguiu em frente.

Um comentário:

  1. O pior enfrentamento é esse, em frente ao espelho... O mais difícil é admitir que a fuga é de si mesmo. Mas, como eu já disse: o caminho mais rápido para a volta, é a ida.
    Mas voltar, por cima dos proprios passos, exige coragem, e muita maturidade. O processo do crescimento é sempre doloroso. Bj.

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