terça-feira, 22 de novembro de 2011

Revolução.

Eu não me importo.
Eu simplesmente não me importo.

E daí se há guerra no Oriente Médio?
Pouco me importa o Oriente Médio.

Repressão, represálias e revoluções,
Não são nada para mim.

Mas se tanto querem tentar,
Pois bem, vou também ser revolucionário.

Amanhã mesmo farei uma passeata,
"Marcha pela volta do amor".

Amanhã mesmo promoverei uma ocupação,
Eu e ela em um quarto, batendo um só coração.

Revolução.

As janelas: estilhaçadas. 
As casas: reviradas.
Carros em chamas;
Ruas destruídas.

A cidade estava dividida,
não existia mais ninguém de fora.
Muitos se uniram à causa,
muitos outros foram contra.

Era uma revolução.
Quando acabasse tudo seria diferente.
Para chegar a esse ponto,
era inevitável.

Tinham um ideal,
que podia não ser o ideal,
mas lutaram,
e isso ninguém pode negar.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Julgamentos.

- Não, eu não vou jurar falar a verdade por nenhum livro nem por um país, eu falarei a verdade por ela somente.
Senhoras e senhores do júri, ela é inocente, juro que é tão inocente quanto eu, ou qualquer outra pessoa que já amou verdadeiramente.
Ao menos foi isso que aprendi nessas quase duas décadas que vivi, sou inocente. Sou sim, sempre fui tratado como tal. Desde pequeno, quando era deixado de lado nas brincadeiras, quando era posto para ser a árvore no teatro achando que era ator, e todos diziam, "pobrezinho" "como ele é inocente".
Por outro lado, a culpa é toda dela. Ela mereceu isso, era ela que dizia que me amava, foi ela que aliou-se à minha ingenuidade para assassinar minha alegria. Foi ela que disse que me amava, e que dizia coisas libertinas em meu ouvido - frases essas que, convenhamos, sequer devem ser proferidas nesse tribunal - e que quando eu, parvo, espantava-me e não onde uma garota nascida e criada em família católica aprendera aquelas palavras, dizia "Ah, como você é inocente".
Mas, bem, essa acusação não está a recair sobre mim. De qualquer jeito, meu crime é tão menos importante juridicamente quanto é mais importante realmente que o que esta jovem cometeu. Enfim, descomplicá-lo-ei: sim, eu a amei antes de tudo, sou réu confesso, eu a amei até o fim.
Talvez não devesse, mas eu sim a amei. Eu, garoto bondoso, gentil, inteligente e promissor, merecia o amor dela, ela, garota desleixada, amante da música e futura artista, não merecia o meu amor. Ao menos foi o que todos disseram: que eu era um garoto bom demais para ela, e que com ela eu não teria uma boa vida. Mas o que ninguém via era que eu sim não era bom o suficiente para ela: ela era uma garota que tinha sonhos, e eu apenas um garoto que seguia o que os outros diziam. Mas ela me salvou, senhoras e senhores do júri, ela a quem acusam veementemente, ela por quem quase morri, ela que quase me matou. Agora sou eu que corro atrás de meus sonhos, e tudo graças a esta garota. Ela mudou meu destino, então pensem muito bem quando forem decidir o destino dela.
Incrivelmente, o júri sequer precisou se reunir para discutir. O próprio juiz tomou a palavra e decidiu algo com o que todos concordaram imediatamente, a pena da jovem era simples: uma vida de amor não correspondido.

Julgamentos.

Ele falou mal do meu cabelo bagunçado, mas tem aquele penteado feio da moda.
Ele criticou meu all-star surrado, e usa um nike de cem molas.
Ela me julgou pelas músicas que eu gosto, mesmo ouvindo músicas superficiais.
Eles falam do jeito diferente que me visto, sendo que se vestem de forma idêntica.
Julgam como ajo, penso, sinto. Porém tudo neles é pior.

É incrível como julgam tanto minha vida, quando precisam é ser julgados.