terça-feira, 22 de março de 2011

Normal.

Meus poemas não são de amor,
meus versos não são rimados.

Minhas estrofes não tem padrão,
minha métrica é inexistente.
Minhas musas são amores,
são horrores.
São flôres, riachos.

Não recito meus poemas para ninguém,
não escrevo para ninguém ler,
nem eu.

Gosto da dor,
aprendo mais com ela,
que com a alegria.
Mas gosto da paz.
Não precisaria aprender nada,
se o mundo todo
fosse paz.

Eu sou como qualquer rapaz.

Normal.

Eu era um bom menino.
Um menino qualquer, aliás.
Era ingénuo, estudioso, bom garoto e educado,
Respeitoso, sempre muito respeitoso.
Era um garoto anormal, talvez até anormal demais.
Eu, normal e naturalmente, era um deslocado,
Visto que gostava de coisas alternativas, vestia-me diferente
E escrevia poesia.
Mas deixava estar, vivia minha vida com amigos diferentes como eu
E assim seguia minha vida, normalmente.

Eu não gostava de ser um deslocado
E, normalmente, tive minhas tentativas de enturmamento, admito.
Não nego que gostaria de ser alguém,
Alguém importante.
Gostaria que soubessem meu nome, adoraria ser notado...
Notado por um bom motivo, obviamente,
E não como "aquele garoto estranho".
Seria amável que gostassem de mim.

De uns tempos pra cá, mudei.
Virei um pouco mais normal - não que eu saiba o que ser
Normal significa - e fui mais aceito.
Tornei-me algo parecido com um descolado,
Critique se quiser,
Tinha muitos amigos, - mas não sei quantos eram verdadeiros - eu
Era aceito por outros - mas não por mim mesmo - e, a cada dia
Me tornava uma contradição ainda maior.

Hoje nem sei mais o que sou.
Se sou normal ou não, - mesmo continuando sem saber
O que normal significa - de que grupo faço parte, ou qualquer
Outra coisa.
Mas acho que estou melhor assim. Sem preocupações,
Sem tentar me adaptar, sendo só eu.
Fazendo tudo que é normal e natural,
Ao menos para mim,
Mas se eu não agradasse a mim mesmo,
A quem agradaria?