sexta-feira, 8 de junho de 2012

Olhos.

Tudo bem, eu admito. Admito que os tenho para você e ninguém mais, ou melhor, eu os tenho somente para os seus, que, tão azuis, são como o mar mais profundo e quente. É por eles que os meus, duas piscinas de lama perto dos seus, diluviam-se ao ver-te longe deles, longe do coração.
Pois foi assim, em um piscar deles que sumiste da minha vida. Em uma hora só os tinha para mim, na outra eu não a tinha mais. E foi nesse piscar que já estava com aquele outro rapaz que, convenhamos, não te merece. Aquele outro rapaz que, segundo me disseram, você já desejava ainda antes de ser minha. Aquele rapaz que você comia com os dois luares que enfeitam o seu também lindo rosto enquanto me beijava, mas mesmo assim eu não acharia problema que o amasse se apenas continuasse comigo, se as minhas pedras pretas sem graça não vissem, o meu coração não sentiria.
Mas não atendeu a essas minhas súplicas, você fechou suas cintilantes pérolas aos meus suplícios, e embora eu te desse tudo que pedia, não importando se custariam minhas duas jaboticabas amargas, pouco importaria, se eu apenas pudesse tê-la.
Agora está longe, e eu só posso escrever essas frases que você nunca lerá. E, honestamente, não importa, pois eu sei que você nunca conseguiria olhar nos meus olhos e dizer que um dia me amou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário