terça-feira, 18 de setembro de 2012

Diálogo.

Ele:
Devo partir, meu amor,
Já é dada a hora,
Que a noite se fecha
E aproxima-se a aurora.

Ela:
Não era o pássaro da manhã,
A cotovia, quem cantava ao fundo.
Fica, meu querido Romeu,
Mesmo que por mais só um segundo.

Ele (aparentemente Romeu):
Chama-me a cotovia,
Mais soando como a ave do agouro
O corvo. Ademais, lá em cima
Já brilha o sol como ouro.

Julieta:
A luz é da lua que altiva nos ilumina,
O sol atrasar-se-á ainda,
E, quanto ao corvo, que se alimente
Do nosso amor. Há coisa mais linda?

Romeu:
Mas e o pássaro, Juliana?
E o Sol que já se alevanta?
Já é a minha hora de ir
Ouve, o rouxinol canta.

Juliana?:
Deixa-o cantar,
Ele nunca entrará por essa janela.
Mas dize-me, ó Romeu,
Essa Juliana, quem é ela?

Romeu:
É você, e sempre foi?
E Romeu, que Romeu?
Meu nome é Pedro,
Que é que te deu?

Juliana:
Desculpa, estava sonhando.
Bem, apenas esqueça.
Mas então que são esses versos e nomes?
Não estamos em uma peça?

Pedro:
Agora que você comentou,
Realmente há algo de estranho
Por que o que falo rima?
Mas ainda assim falta o tamanho.

Juliana:
Sim, ele trabalha com uma falsa métrica,
Isso quando se lembra disso, e não o faz em linha reta.
Pobre dele.
Parece ser um mau poeta.

Pedro:
Pobre dele?
E nós, minha querida?
Somos ideias de um mau poeta?
De onde veio minha vida?

Juliana:
Ao menos sabemos o que somos,
Palavras dentro de um poema.
E ele que nem sabia que era mau poeta
Até dizermos. De quem é o maior problema?
(Saem.)

Deixam-me só, como todos.

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