terça-feira, 26 de junho de 2012

O pássaro.

Passeando pela cidade,
vi, ao longe, um pássaro belo, belo, belo
o mais belo que já vira,
nessa selva de concreto.
Aproximei-me cuidadosamente,
mas percebendo algo de diferente,
ele voou, 
voou,

voou,

para bem longe.

O pássaro.


Hoje havia um pássaro morto na varanda.
A janela molhada de vermelho
E o pássaro caído ao chão.


O pássaro era bonito,
Penas azul petróleo,
E um brilho azul cristal.


Fitei-o por mais ou menos dez minutos,
Ao menos foram dez minutos em minha mente.
E tive pena, pena do pássaro da varanda.


Perguntava-me por que o pássaro morrera,
Acidente, suicídio?
Bem, isso se um pássaro tiver consciência ou tristeza.


O pássaro, suicida, jazia.
E eu, sem nada especial, pensava.
Por que se matara o pássaro suicida
Se sair batendo asas soltas ele poderia?
Se ir de São Paulo a São Francisco
Era só seguir o vento forte?
Mas se o céu era simples,
Que para os mares fosse.
Ou para quaisquer paisagens
Com as quais sonhasse.
Mas não o suicídio, ó pássaro.
Seus sofrimentos e aflições sempre passam


Por que, pássaro?
Por que desistiu de tudo?
Eu não consegui entendê-lo.


Foi aí que, decepcionado, o deixei.
Retornei para minha vida,
E nada mais de suicidas.


Em meio aos livros, uma luz.
Era mais uma vez o pássaro,
E mostrava-me.


Que eu tinha tudo e não fazia nada.
Era simples assim, eu sou pássaro
De minha própria vida.