sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O poeta sem rimas.

Pobre daquele que perde aquilo que estimava. Não por ter perdido aquilo que tanto amava, embora isso doa mais que muitos podem aguentar, mas por fechar-se para tudo que a vida nos oferece. 
Pobre do poeta que perde suas rimas. Pobre dele que esquece do valor da métrica em um poema, pobre dele por deixar de se importar com as imagens, pobre dele por fazer poemas vazios. Pobre do poeta que não ouve mais o ritmo e que por isso não o coloca em seus próprios poemas, ele é tão triste, e a culpa não é  das rimas. Pobre do poeta que deixa de lado as figuras de linguagem, os zeugmas e até mesmo as antes tão lembradas metáforas, pobre dele que não vê mais o que a poesia lhe oferece.
Mas no fim das contas um poeta sem rimas é só o mesmo que uma pessoa sem amor.

O poeta sem rimas.

Não sabia rimar, tampouco metrificar. Nem imaginava como se faz um soneto, de que se tratavam redondilhos e mantinha distância das epopéias. Mas amava. Sabia que isso não era o bastante, mas amava.
Era o pobre poeta sem rimas, vivia uma vida poética, tinha amores impossíveis e dores inagualáveis. Pobre do poeta sem rimas. Sem ritmo, sem versos. Sem versos.
Pura prosa, chato como um texto corrido, duro como um parágrafo, preso como prosa. Sem criatividade, sem lirismo. Caminhava sempre firme, sempre bem, mas não, ele não sabia dançar.
Amava até o fim, sofria sem fim. Era em tudo um poeta, só lhe faltava a poesia. Era perfeito, tirando seu defeito.
Sua vida era um grande poema. Seus amores, suas musas; seus atos, seus versos. Era dedicado, mas não tão delicado, tentava e tentava, mas nunca alcançava. Fez tudo que pôde, e no fim, perdeu tudo, tudo que lhe importava, perdeu o amor, pois muito mal rimava.
E quando ela foi, fez questão de lhe dizer, ele foi a melhor coisa para ela, mas simplesmente faltava algo, algo que ele nunca poderia lhe dar.

"A única coisa que eu queria, era um poema teu, adeus."