terça-feira, 14 de agosto de 2012

A Criação.

Cria amor, cria romance,
cria drama, cria comédia.
Cria ação.

Cria um beijo roubado, cria um poema improvisado,
cria choro, cria riso.
Cria uma aventura incrível.

Cria uma menina, cria um menino.
Cria uma separação, cria um mau entendido.
Cria uma história completamente nova.

Cria um mundo melhor que o teu,
cria uma vida que importe,
cria um significado para toda essa dor.

E foge da vida, vive na criação.
À Criação, o criador.

A Criação.

Se eu escrever um romance in medias res,
Com um protagonista idêntico a mim
Que tenha todas minhas memórias
Que sonha todos meus sonhos
E passou por todas experiências que passei,
E que sente tudo que senti,
O que faz dele menos real que eu?

Eu sou eu.
Tautológico?
Não, é importante destacar.
Mas eu não sou eu,

Eu sou tudo que prova que eu sou eu,
Todos os documentos, todas as fotos,
Mas estas, assim como aqueles,
Podem ser forjadas.
Então, o que sou eu?

Eu sou tudo que se pensa sobre mim,
Mas os pensamentos são coisas subjetivas
E flutuantes.
Os pensamentos são pensados por pessoas como eu,
Que também não sei quem são.

Eu sou todas as lembranças que eu penso ter,
De fatos que poderiam ser documentados,
De momentos que foram fotografados,
De pensamentos que pensei sobre pessoas,
Dessas pessoas com quem convivi,
Mas isso é muito mais real,
Pois isso foi o que vivi.