sábado, 2 de fevereiro de 2013

A Locomotiva.

A locomotiva de aço
seguia,
invariavelmente,
os trilhos de aço, postos sob ela.

A locomotiva de aço
levava-nos,
inquestionavelmente,
sobre os trilhos de aço.

A cidade de pedra
servia-nos de paisagem
tentando, sem sucesso,
tocar nossos corações de pedra.

A locomotiva de aço
parava em doze estações,
todas semelhantes,
mas nunca iguais.
Por mais que passássemos por elas duas vezes.
Nunca, jamais.
Iguais.

As estações semelhantes:
alguns desciam, tantos outros subiam.
O céu sobre todos mudava,
e mesmo que fosse igual, não o era.

A locomotiva seguia, 
sempre, sempre, na mesma velocidade.
Apesar de termos a sensação
de que essa ou outra estação, passou rápido.

Nós seguíamos,
na locomotiva, para onde ela nos levasse,
trocamos de lugar, de vagão, 
mas todos seguem na locomotiva
até que cansem.

A locomotiva não tem destino,
tampouco nós,
ela segue em círculos,
e nós seguimos nela.

A locomotiva não parava, 
além dos poucos segundos,
ao alcançar uma estação.

Nós podíamos parar
ou seguir dentro dela,
mas quando se resolve sair,
dizem por aí que não se pode voltar.

A locomotiva de aço é quase uma entidade.

Por vezes esquecemos que estamos nela,
e queremos apressar ou retardar o trajeto,
entre uma estação e outra.
Mas a locomotiva de aço,
sabe seu próprio tempo.   
Seu próprio caminho.

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